quinta-feira, 2 de abril de 2009

AS VOZES DOS ANIMAIS


Palram pega e papagaio
e cacareja a galinha
os ternos pombos arrulham
gene a rola inocentinha

Muge a vaca, berra o touro
Grasna a rã, ruge o leão,
O gato mia, uiva o lobo
Também uiva e ladra o cão.

Relincha o nobre cavalo,
Os elefantes dão urros,
A tímida ovelha bale,
Zurrar é próprio dos burros

Regouga a sagaz raposa,
bichinho muito matreiro;
Nos ramos cantam as aves,
e pia o mocho agoureiro.

Sabem as aves ligeiras
O canto seu variar:
Fazem gorjeios às vezes,
Às vezes põem-se a chilrar.

O pardal, daninho aos campos,
Não aprendeu a cantar;
Como os ratos e as doninhas
Apenas sabem chiar.

O negro corvo crocita,
Zune o mosquito enfadonho,
A serpente no deserto
Solta assobio medonho.

Chia a lebre, grasna o pato,
Ouvem-se os porcos grunhir,
Libando o suco das flores,
Costuma a abelha zumbir

Bramam os tigres, as onças,
Pia, pia o pintainho,
Cucurica e canta o galo
Late e gane o cachorrinho.

A vitelinha dá berros
O cordeirinho balidos
O macaquinho dá guinchos,
A criancinha vagidos

A fala foi dada ao Homem
Rei dos outros animais
Nos versos lidos acima
Se encontra em pobre rima
As vozes dos principais.


Pedro Dinis

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